quarta-feira, 25 de julho de 2012

Enfim, o ouro?


Rafael Ribeiro / CBF


É um longo tempo de espera e uma ambição que ainda não foi saciada. De quatro em quatro anos, o discurso é exaustivamente repetido e a geração sempre supera a anterior. A nova safra ganha ares de praticamente imbatível e o clima produzido colabora para, via de regra, a decepção.

Desta vez, Ganso, Neymar, Leandro Damião, Oscar e companhia têm a missão de superar os dois bronzes em 1996 e 2008, além das duas pratas na década de 1980. A seleção brasileira chega, mais uma vez, como uma das favoritas e, agora, com um adendo: é a base da equipe para a Copa daqui a dois anos.

Mano Menezes sabe de suas responsabilidades. O discurso do treinador, que desde o início do trabalho tem sido bem coerente, não colaborou com os resultados e um possível revés em Londres deve selar  o seu destino longe do comando. 

A equipe, enfim, tem uma cara, uma forma de jogar, e o teste de fogo chega justamente no oportuno momento. É a chance de se provar que os jovens talentos podem manter acesa, como a tocha olímpica, a esperança dos torcedores brasileiros para o próximo Mundial.

Há até quem prefira mais o ouro do que a conquista em 2014. Que os deuses do Olimpo estejam ao nosso lado.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Deu pena


Reprodução/Gazeta Esportiva


Com 20 minutos de jogo no Engenhão, o abismo que separa Corinthians e Flamengo era simbolizado nos cinco chutes a gol do time paulista contra apenas um e solitário arremate carioca. Era o atual campeão da América contra o medíocre escrete de maior torcida do país, vítima de uma administração que beira o escárnio.

E se o goleiro Paulo Victor era o nome do jogo, por ter evitado o primeiro tento da equipe comandada por Tite, deixou de ser aos 27 minutos quando Douglas tirou o zero do placar e começou abrir a cova do técnico adversário, Joel Santana.

Mas como Flamengo é Flamengo e tudo pode acontecer, Douglas e companhia não deixaram os oponentes gostarem do jogo e trataram logo de silenciar o estádio de vez, aos 39, novamente com o meia.

Restava a torcida rubro-negra torcer para a primeira etapa acabar, o velório de Joel ser interrompido e, quem sabe, com a benção do Cristo Redentor, voltar com alma dos guerreiros, aquela que não comparece há tempos na Gávea.

Que nada, pois logo no inicio do segundo tempo Danilo tratou de matar a esperança guanabara com o terceiro gol do duelo. Era triste, era vergonhoso, era humilhante e era Flamengo, que se limitou a tocar a bola, sem organização e criatividade, como quem deseja algo e não é capaz de alcançar.

O Corinthians, impávido, com a segunda vitória consecutiva pode, sim, sonhar com as primeiras colocações. Já o adversário da noite, em um Engenhão que já não é todo prosa, parece estar fadado a dançar, sem talento algum, um samba de uma nota só.

É triste.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Futebol, meus caros


‎"O jeito com que nossos times jogam é irrelevante para a maioria de nós, da mesma forma que ganhar taças e campeonatos é irrelevante. Poucos de nós escolheram nossos clubes, eles foram simplesmente apresentados a nós; e, sendo assim, quando eles são rebaixados da segunda divisão para a terceira, vendem os melhores jogadores, compram jogadores que você sabe que não podem jogar ou lançam um chuveirinho 700 vezes na direção de um centroavante de 3 m de altura, simplesmente praguejamos, vamos para casa, ficamos agoniados por uma quinzena e depois voltamos para sofrer tudo isso de novo mais uma vez

Do escritor inglês Nick Hornby.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Gigante adormecido




Dos grandes, por estar acostumado com imensas conquistas, era o que mais sofria. Aquele Palmeiras campeão brasileiro, da Libertadores e que chegou à final do Mundial parecia ser um time distante, dos sonhos de utópicos e quixotescos torcedores, que nos dias atuais mais amam do que comemoram,  mais choram do que sorriem.

O time verde mais importante do mundo parecia fadado ao fracasso, às falcatruas, aos desmandos e ao padecimento. Seus legionários também, vítimas do destino, que tratou de colocar as pessoas erradas no lugar errado.

A tal luz no fim do túnel, que para muitos com o passar do tempo apaga, seguiu viva no rumo alviverde que, gigante que é, ficou por longos e duros anos adormecido, mas jamais deixou de acreditar.

Derrubou adversários superiores, venceu os próprios limites e fez despertar quem sempre é a última a morrer, a esperança. Felipão, Marcos Assunção e companhia saíram do incômodo posto de desacreditados e chegaram ao topo desejado por todos.

A final da Copa do Brasil, contra o Coritiba, foi o retrato de toda a competição. Pela frente, um time mais organizado e todas as adversidades necessárias para aqueles que precisam dar a volta por cima. Sem Valdívia e Barcos, o Palmeiras tinha a alma, pintada de branca e verde e mais iluminada do que nunca.

E o sorriso palmeirense voltou a ser visto quando Marcos Assunção colocou a bola na cabeça de Betinho, que empatou o jogo no Couto Pereira, numa partida que tinha tudo para ser trágica como nos últimos anos.

Mas não foi. Desta vez, deu Palmeiras, deu Felipão e deu o gigante, que estava adormecido para ser despertado no momento de glória e provar, mais uma vez, que quando o time é grande a camisa, muitas vezes, joga sozinha.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Fez história


Reprodução


Estava escrito. E tinha que ser assim. Eram 102 anos do clube mais invejado do país e uma torcida que, por representar o povo, já sentiu na pele o sofrimento, a angústia e a decepção. Uma vida mais do que centenária de reveses que, quando se transformam em glórias, escorrem pelos olhos em forma de lágrimas e pulsam como nunca em milhões de corações alvinegros espalhados por todos os cantos do país.

Era chegada a hora. Noite de quarta-feira, Pacaembu, e uma final de Libertadores inédita para o bando de loucos. O estádio, pintado em duas cores, era palco do maior duelo dos últimos tempos e a fiel testemunhava uma partida daquelas que devem ser guardadas para sempre na memória.

E foi no peito, na insistência e na raça, assim, do jeito que o corintiano se acostumou, que Emerson abriu o placar após lindo passe de calcanhar de Danilo já no segundo tempo. A torcida explodia e soltava o grito preso desde os tempos de Pelé, de Raí e de Marcos, ídolos de times rivais, de torcedores que sempre utilizaram deste argumento para rebaixar o que não se rebaixava, para humilhar o que não se humilhava e para diminuir quem jamais se apequenou.

O palco do espetáculo tremia e aguardava a convicção. Que veio com o segundo tento da partida, de novo com Emerson, que parecia beliscar cada torcedor convidando-o a acordar do sonho, que deixara de ser pesadelo, e fazer parte daquela história que será contada de avô para neto, de pai para filho, de louco para louco e de fiel para fiel.

O time do imponderável, da fantasia e do encanto. A mística corintiana em mais um capítulo. Desta vez, numa conquista que faz jus à eternidade.