domingo, 4 de dezembro de 2011

Alegria e Tristeza: O Mito, o título e o Corinthians


Comecei a escrever esse texto a pensar no Sócrates, o eterno Doutor, o homem da democracia, o craque do calcanhar, o filósofo brasileiro, o mito corintiano. Um sujeito simples e de ideais que vão de encontro com o que vemos e vivemos há séculos. Garoto que nasceu no Botafogo de Ribeirão Preto, passou a torcer pelo Santos e desafiou a regra número 1 dos imbecis que teimam em aviltar e discutir o significado de uma paixão: “troca-se de coração, de mulher, mas não se troca de time.” Pois Sócrates trocou, foi conquistado por uma inigualável nação, tornou-se ídolo e teve, na sua despedida do mundo que tanto lutou para mudar, no derradeiro duelo do seu time do coração no Brasilerão, mais que uma homenagem: Uma veneração.


Pois bem, com os braços erguidos e os punhos devidamente cerrados, os torcedores viram o início da partida, num Pacaembu mágico que, desta vez, reservaria o título ao time do povo. A bola rolou e o que se viu foi um jogo equilibrado com o Palmeiras, em certos momentos, superior e com maior posse de bola. O destino, mais uma vez, parecia desenhar que haveria sofrimento, sentimento que corre na veia de cada integrante do bando de loucos.


Mas se a primeira etapa foi embora sem deixar saudade, até porque o Vasco vencia o Flamengo no Engenhão, no segundo tempo a Fiel foi Fiel e não esperou acontecer, ela fez acontecer e o escrete alvinegro passou a dominar o jogo como nos tempos em que um tal Doutor perfilava seu talento.


O Timão jogava melhor, ia para cima e já merecia melhor sorte. O Palmeiras até bola na trave mandou para angústia aumentar. Lá pelas tantas, entre extenuados e esperançosos, Valdívia e, pouco tempo depois, Wallace foram expulsos para contemplar de vez o clássico. A Fiel, é claro, não parava. E o time respondia com bela jogada de Liédson e quase gol alvinegro. No Rio, o Flamengo, com o ex-corintiano Renato, empatava e o Pacaembu enlouquecia.


O tempo não passava, o sofrimento aumentava e o título não vinha. Até que, no Engenhão, o juiz encerrou a partida. O Corinthians se tornara, mais uma vez, campeão brasileiro. Só faltava acabar no Pacaembu.


E acabou.  Num jogo sem gols, o Corinthians conquistou seu quinto nacional.


Fora um dia de alegria e tristeza.


O Corinthians ganhou um título.


E o Brasil perdeu um herói.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O senhor chato




O chato é aquele que reclama com razão,

Porém, mesmo sem tê-la, esbraveja por algum motivo.

Presente em todos os setores da sociedade, no futebol é reconhecido de longe.

Dentro ou fora das quatro linhas.

No campo, é aquele que xinga o juiz, apela com o adversário, insulta a mãe alheia e se sente dono da razão.

Na arquibancada, torce pelo pior time do mundo, ninguém joga nada e só ele sabe a mágica solução.

O esporte dele, mesmo, é reclamar.

O gramado é ruim, a torcida não apoia, o time não faz gol e só ele para perder tempo em assistir.

O estádio está cheio, nada confortável e ele não sabe o que faz ali.

Chama o técnico de burro, o presidente de ladrão, o goleiro de frangueiro e o atacante de amarelão.

Olha no relógio, o tempo passa rápido, o placar não muda e sai dali frustrado.

Quer voltar para casa, o ônibus não passa, o ponto está lotado e lá vem o velho atraso.

Vêm os pensamentos, a insatisfação, o arrependimento e a reclamação.

Ao chegar na residência, a mulher só enche o saco, os filhos só atentam e a sogra veio visitar.

É final de mês, o salário não caiu, hoje não tem janta e o jeito é descansar.

A televisão quebrou, o rádio não funciona, o sofá não presta e o chuveiro não pôde ser trocado.

Quer fugir do mundo, viver isolado, não pensar em nada e ser um aposentado.

Acorda para a realidade, pensa na segunda-feira, nas suas responsabilidades e olha para o lado.

Ora bolas, com essa vida era melhor ter ficado no estádio!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O sonho, o apito e o domingo


imagem: divulgação


O relógio badala seis vezes

O domingo, como os demais, começara cedo

O uniforme, a postos, está pronto, desde sempre, para ser usado.

A bola, ao lado da cama, fora colocada minuciosamente no dia anterior.

Camiseta, calção, caneleira e a chuteira deixam de ser instrumentos de caracterização e passam a compor uma liturgia quase divina.

O jejum, pelo esforço físico que está por vir, será mantido até o fim do duelo.

O alongamento e o bocejo vêm acompanhados num mesmo diapasão.

O aquecimento é feito logo ali, no seu vestiário particular: o apertado espaço entre a sala e a cozinha.

Já vestido e com a pelota debaixo do braço, um beijo na testa da esposa, que ainda dorme, anuncia o"até logo”.

No caminho, a imaginação vai longe.

Do campinho de terra batida aos maiores templos do ludopédio mundial

Lembra dos craques, dos gênios e dos ídolos.

Imagina jogadas, gols e comemorações

Quando chega ao lugar reservado ao seu espetáculo, a saudação é muito bem vinda

É verdade que muito mais pela pelota do que por sua presença.

Dono da bola é também dono do jogo.

As equipes são, com muito esmero, selecionadas.

E, para seu azar, não faltara ninguém.

Sequer vaga no gol, posição mais do que aviltada no futebol de várzea, tinha.

Restou-lhe, somente, o apito.

Mais uma vez voltará para casa sem ser elogiado.

No máximo, ouvirá algumas palavras de baixo calão dirigidas a ele e a sua genitora.

O sonho de marcar um golaço, de novo, fora adiado.

Quem sabe, se tiver sorte, para o domingo que vem.



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Histórias de um Fla x Flu


imagem: Paulo Wrencher


Nelson Rodrigues disse, certa vez, que o Fla x Flu surgiu 40 minutos antes do nada. O clássico do último domingo, para mim, se iniciou há alguns meses. Começou num diálogo entre dois sujeitos que resolveram se enveredar por algo em extinção, o caminho das crônicas, da literatura, do romantismo e da boêmia, tão presentes em décadas atrás, mas que, hoje, foram ultrapassados por atributos pertencentes a um mundo cada vez mais voltado para a velocidade, para a técnica e tudo que ambos, de certa maneira, têm aversão.

Agora, ponha-se em meu lugar. Imagine você, aos 23 anos, estudante de jornalismo, acompanhado do seu melhor amigo, a quem pregou a alcunha de Maior Irmão Disparado, na cidade maravilhosa, para estudar os gênios da raça Mário Filho e Nelson Rodrigues, tomar um sol, degustar algumas bebidas, aproveitar a noite carioca e assistir um clássico da estirpe de um Flamengo x Fluminense. Acrescente a isso o começo da realização de um sonho, no qual o intuito é relatar as maiores tragédias dos rivais da Guanabara e, antes de tudo, recuperar uma linguagem que agoniza no jornalismo esportivo, sem se importar com regras, projetos e tudo o que os dias hodiernos impõem para manter o abominável padrão.

Imaginou? Pois, insisto, ponha-se em meu lugar.

Pense em dormir em São Paulo e acordar no Rio de Janeiro, onde o tempo parece seguir o seu próprio ritmo, numa leveza e calmaria dignos de paraíso. Some o fato de o dia ter começado às 6h da matina e, após alguns minutos, você se vê num mergulho em que é possível sentir o gosto da saborosa liberdade e, nos seus olhos, a imagem do horizonte que parece infinita, numa manhã que passara na velocidade e na pausa da fala daqueles que recitam um poema para amada.

Pois bem, além de tudo isso, acima de sua cabeça, o sol, o mais eficiente dos despertadores daqueles que madrugam, reina em absoluto, num céu abençoado por um Cristo que, de braços abertos, recebe a todos com uma satisfação incólume. Já habituado, você descobre que nasceu para morar ali, mas, no instante seguinte, percebe que deixou uma vida, uma carreira, uma profissão e um sonho, que se tornara, naquele momento, pesadelo para trás. Daí, inevitavelmente, promete que um dia irá voltar. E, dessa vez, torce e deseja muito, será para ficar.

Tomados por uma imensa alegria, você e seu amigo, vão ao encontro daquilo que seria uma obrigação. Mas, convenhamos, desde quando procurar e ler crônicas dos irmãos Mário e Nelson é um fardo? Sim, meus caros, esse é o preço que se paga quando se mistura trabalho e diversão.

O tempo passa numa lentidão saborosa e os dias se vão numa alegria que se contradiz com a iminente volta. Após passar por Copabacana, parar na Biblioteca Nacional, dar um pulo na Gávea e ir à apaixonante Lapa, nos restava assistir ao mais esperado jogo, para mim, dos últimos tempos. Era a oportunidade de acompanhar as duas torcidas de perto, sentir suas emoções e se inspirar para o que vem pela frente: escrever.

Portanto, indago-lhes se isso não é felicidade, pois se não for, nem quero que me apresentem a ela.

O domingo começa cedo. O mar, o clima e o calçadão eram convites à inspiração. E daí se explica o porquê do surgimento de tantos gênios das letras no lugar que é sinônimo de perfeição. Com a maioria dos deveres cumpridos, os garotos partem ao Engenhão para o clássico. No caminho, até o que deveria ser normal espanta. Torcedores de Flamengo e Fluminense indo ao estádio, lado a lado, em extrema harmonia, com gozação, sem violência e com admirável respeito.

Já no estádio, o espetáculo das torcidas é inigualável. Quando os escretes sobem ao gramado, uma energia toma conta e os gritos das nações parecem ecoar pela cidade, pelo estado e por todo o Brasil.

Na arquibancada, os amigos assistem, impactados, o conjunto de fatores que tem tudo para terminar em uma obra prima. Do céu, os irmãos Nelson Rodrigues e Mário Filho se sentam, um junto do outro, para acompanharem a partida que, por anos, fora a mola propulsora de seus incontáveis e incomparáveis textos. A magia presente, parte dos objetivos realizados e a manutenção de um sonho que, como todos os outros que envolvem os meninos, dará certo no final.

E se o primeiro tempo valeu pelo show proporcionado nas arquibancadas, nas quais a torcida do Fluminense, com o tradicional pó de arroz e a do Flamengo, com os cantos que fazem parte da história do clube, ensinavam o que é torcer e vibrar de verdade, a segunda etapa reservaria uma benção divina. O Cristo Redentor, imponente, a tudo acompanhava. Já os deuses do futebol entraram em campo e fizeram daquele jogo histórico, com o time de Nelson Rodrigues jogando melhor, em vantagem no placar por duas vezes e com o rival, time de Mário Filho, valente, embalado pelo som, uníssono, que surgia a cada ataque, “Oh, meu Mengão, eu gosto de você. Quero cantar ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro. Vamos para cima, Mengão. Acima de tudo rubro-negro”. A sintonia time-torcida passou a existir e o que se viu foi uma virada, nos minutos finais, do jeito que o flamenguista gosta, épica. A energia era encantadora.

Ao fim da partida, enquanto Danilo e eu éramos, somente, alegria por tudo que vemos e vivemos, lá de cima, Mário Filho, ao lado do irmão, Nelson Rodrigues, era só sorrisos. Assim, como a maioria do Brasil.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Próxima parada: Rio de Janeiro

imagem: divulgação
Meio intelectual, meio de esquerda, como disse o gênio da espécie Antonio Prata,

Não sou muito fã de praticidade, rapidez e comodidade,

Pra ser sincero, tenho certa aversão a tudo que é oferecido pelo tal mundo moderno.

Mesmo assim, meio solitário, consigo encontrar seres que se identificam com os meus devaneios.

E assim, meio intelectual e meio de esquerda, parto para o Rio de Janeiro portando uma mochila nas costas, algumas ideias na cabeça e acompanhado do maluco mais lúcido que conheço.

Ah, e de ônibus, transporte que tem a cara do povo.

Avante, Danilo Quintal.


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Devaneios

O verão se faz presente na estação das flores


A sensação de algo errado vem à tona.


Num mundo confuso, invertido e com relações cada vez mais distantes,


Surgem pensamentos e algumas reflexões:


Viver, além de muito perigoso, é para poucos.

sábado, 10 de setembro de 2011

O último suspiro

Num lugar longínquo, esquecido pelo tempo, onde só é possível observar grandes serras e extensões de terra a perder de vista, um homem, absorto, agoniza.

Naquela morada rústica, antiga, histórica e imponente, nenhuma visita é recebida há longos e demorados anos, a não ser a solidão, que, certo dia, veio na companhia do seu fiel escudeiro, o ostracismo. E, a partir dali, ambos jamais deixaram o novo, que se tornara eterno, hábitat.

O velho, já definhado pelas marcas do passado, tem como única munição a sua, ainda viva, consciência.

E, em cima de uma cama, prostrado há três dias ininterruptos, o senhor estende o braço e leva a mão trêmula ao telefone.

Sem forças até para levar o aparelho ao seu colo, ele procura o nome daquele que, por anos, fora o seu maior inimigo.

Quando o encontra, hesita, pensa, reflete e, num impulso de derradeira lucidez, faz a ligação.

Do outro lado da linha, a muitos quilômetros de distância, o espanto se mistura com o faro.

— (…) Quanto tempo, senhor mandachuva.

— Calei-me por muitos anos e agora resolvi falar o que sei — respondeu com as limitações que a doença lhe impôs.

— Mas logo no momento em que nenhum cidadão se lembra mais de vossa excelência. Por quê? — indagou o combatente inimigo.

— Talvez porque tenha chegado a hora.

— Sempre tentei, em vão, uma entrevista exclusiva e o não era a resposta de praxe — afirmou o intrépido.

— À época, como bem sabe, se eu falasse metade do que sei, estaria assinando meu atestado de morte — disse o idoso.

— Então, diga-me, o que quer falar? O que o senhor escondeu enquanto esteve no poder?

— Tudo o que você falara, acusara e publicara era a mais pura verdade — respondeu o ancião.

— Quer dizer que os desvios de verbas, que eu tanto questionei, aconteceram?

— Sim — revelou num diapasão monossilábico.

— E o dinheiro, que destino tomou?

— Lavei em empresas fantasmas e ergui meu patrimônio — contou com a voz cada vez mais fraca.

O jornalista, já preocupado, solta:

— O senhor está bem?

E a resposta, com um esforço hercúleo, veio após longos segundos:

— Nunca me senti tão bem na minha vida.

E o que se ouviu, a partir daquele momento, foi o silêncio.

O velho mandachuva proferia suas derradeiras declarações e fechava os olhos pela última vez.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vitória com cara e jeito de Corinthians

foto: globoesporte.com

Sob pressão, Corinthians e Flamengo entraram em campo com duas frases que resumem bem o tamanho das equipes. Se pelo lado alivnegro um espirro se torna uma pneumonia, como proferiu, certa vez, Vampeta, pelos ares da Gávea um inofensivo pum teve um efeito devastador, comparado ao que sua função escatológica anuncia.

O clima de decisão estava estampado nas faces dos protagonistas. E nem bem a bola rolou o time da casa foi para cima como se não houvesse amanhã. O visitante, acuado, sentia a pressão de um estádio lotado. E se Pacaembu cheio, em jogo do Corinthians, já é pleonasmo, imagine a Fiel dando mais um show no seu reduto.

A partida, com 16 minutos jogados, era jogo de um time só. Já eram seis finalizações do time de Tite contra, somente, uma da equipe carioca. Enquanto o Flamengo pouco ameaçava, o gol dos paulistas se desenhava a cada investida, ora com Emerson, outrora com Alex e Paulinho.

O jogo estava longe do equilíbrio e o escrete da Guanabara insistia nos chutões. Em um dos bancos, Luxemburgo era o símbolo do desespero. No outro, o técnico corintiano era pura apreensão. A Fiel, nas arquibancadas, fazia a diferença, pois não contente em só incentivar o seu bando de loucos, deixava os adversários num estado de nervos daqueles em que beiram a loucura.

O embate que tinha tudo para ser lá e cá, era só lá, até que o imponderável, sem pedir licença, apareceu na agradável noite paulistana. Em chute de Tiago Neves, apagado até então, Júlio César fez boa defesa e jogou para escanteio. E, num dos corners cobrados por Ronaldinho Gaúcho, Renato desviou e Deivid, ex- Timão, abriu o placar no clássico do povo, aos 30 da primeira etapa.
Com o duelo menos desigual, o fim do primeiro tempo veio acompanhado da prova de que lógica e justiça não fazem parte do futebol.

Liedson e seus companheiros subiram ao gramado obstinados a virar o placar, porque time que quer ser campeão luta contra árbitro, gramado ruim, má fase e injustiça. O início do tempo final mantinha o mesmo diapasão, com o Timão mais perto do empate do que o Flamengo do segundo gol.

À aquela altura, os gritos da arquibancada ecoavam pelo Brasil afora, pois a torcida do Corinthians não é daquelas que prevêem que algo de bom irá ocorrer, ela faz acontecer, tanto que Liédson empatou a final antecipada e confirmou umas das máximas mais antigas do futebol: todo ex-jogador do Flamengo adora marcar contra seu antigo clube.

Antes do gol, e do soco, até bola na trave teve, em falta cobrada por Chicão.

A virada à la Corinthians era iminente e parecia inevitável.

O Pacaembu era um espetáculo em duas cores. O antagonismo do preto e branco misturado ao entusiasmo.

E o Timão ia para cima, pressionava e fazia por merecer maior sorte.

A vitória era necessária para reconquistar a liderança e, claro, para homenagear o eterno ídolo, o Dr. Sócrates.

Aos 43, veio o lance da redenção. Em lance desviado por Paulinho, ele, sempre ele, Liédson pegou de primeira para virar o placar.

Era o resultado necessário.

Depois do gol, olhos e ouvidos se desligaram do gramado e se direcionaram para a arquibancada. A festa estava armada e nem os cinco minutos de acréscimo foram capazes de estragar.

Tinha que ser sofrido, na raça, no peito e do jeito que o corintiano gosta.

O time saiu de campo sob aplausos e muita satisfação.

Inegável: O Coritnhians voltou a ter a cara de campeão!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Triunfo com T de Tite

(Foto: Ag. Estado)

Num daqueles jogos em que de semelhante os times só tinham o alvinegro nos uniformes, o Corinthians, líder do campeonato, corria atrás do seu sonho e o Atlético MG, cada vez mais ameaçado pelo o rebaixamento, fugia do seu principal pesadelo.


As equipes entraram em campo em Ipatinga e foi o dono da casa que começou em cima. A prova é tanta que, aos 13, Dudu Cearense, num vacilo da zaga adversária, abriu o placar para os comandados do itinerante Cuca. Entusiasmado com o bom número de torcedores, o Galo seguiu melhor e ampliou o placar, aos 27, agora com o atacante Guilherme, de pênalti.

O fim do primeiro tempo chegou com a sensação de que o jogo não reservaria nada de especial. E quem isso pensou, enganou-se, pois, enquanto Luxemburgo e companhia já vibravam com o resultado momentâneo, Tite, nos vestiários, apostava em Emerson como solução. O treinador parecia ter se inspirado no conselho de Eliane Azevedo que, certa vez, disse que “há momentos em que a única solução é partir. Partir não por covardia, mas partir porque é melhor recomeçar do nada, que não ter sequer o nada para recomeçar”.

E com o lema na cabeça, o Timão voltou para o segundo tempo disposto a fazer história.Tanto que, aos 4, o Sheik diminuiu o placar. Três minutos depois, o atacante, que se tornara o diabo para os atleticanos, sofreu pênalti convertido por Alex. No lance, o zagueiro Réver foi bem expulso.

E se, com um jogador a menos, o time mineiro já considerava o empate um bom resultado, o escrete paulista, que nada tinha a ver com isso, só queria voltar para casa com a liderança garantida. A virada, que seria questão de tempo, veio aos 29 da etapa final com Liédson. Antes do apito final, Alex chegou a perder uma penalidade, que Renan defendeu.

Ao fim do jogo, um triunfo corintiano e uma indagação: Terá o Atlético MG alguma salvação?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Exagero ou Constatação?

(foto: www.fotocomedia.com)

Com a desigualdade na distribuição dos direitos de transmissão e com Corinthians e Flamengo, respectivamente, na liderança e na segunda posição, nos vem à mente o que um dia fora previsão: O futebol brasileiro pode se restringir a dois clubes que brigarão pelo topo, assim como ocorre com Barcelona e Real Madrid na Espanha.

Serão os frutos da negociação? Eis a questão.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Noite histórica e um vencedor: o Futebol

(Foto: Eliaria Andrade / Ag. O Globo)

As vozes que saiam das arquibancadas ecoavam pelos quatro cantos do país e pareciam profetizar algo mágico. Era dia de Santos x Flamengo, numa Vila Belmiro que é encantadora por natureza.

Os prenúncios de um grande duelo vieram acompanhados de uma nostalgia inexplicável. Não se sabe o motivo e dificilmente se descobrirá o que levou os torcedores a uma catarse coletiva sem tamanho. Pareciam adivinhar que algo histórico ocorreria.

A bola rolou e o time da casa, enfim completo, após a Copa América, dava o tom da partida. Tanto que, aos 4 minutos, num passe na medida de Elano, Borges fez o primeiro num belo arremate, para a alegria da maior parte da torcida presente no espetáculo.

Bonita, também, fora a jogada de Ronaldinho Gaúcho, que, logo em seguida, só não empatou porque o goleiro santista parecia viver uma noite daquelas inesquecíveis.

O jogo era intenso, mas o Flamengo ainda buscava o equilíbrio. Em vão, pois, aos 15, Ganso fez o que dele se esperava, achou Neymar que, num lance em que a sorte passou a ser santista, deu a chance ao parceiro de ataque, que não desperdiçou. Era o segundo do Santos. Foi o segundo gol de Borges.

À essa altura, o Santos corria atrás do seu sonho e o Flamengo fugia do seu pesadelo. Deivid, aos 21, perdeu uma chance de ouro. Quatro minutos depois, Neymar, que infernizava o setor defensivo carioca, fez jogada de craque e marcou um gol daqueles dignos de placa.

Se até então, nos pés do ataque santista, a bola era o instrumento mais lúdico que se pode imaginar, lá atrás, numa falha do goleiro e de Edu Dracena, Ronaldinho Gaúcho aproveitou e diminuiu.

A equipe carioca cresceu na partida. A prova é tanta que, no lance seguinte, Tiago Neves, em jogada de Léo Moura, fez a esperança de o empate surgir.

E quando parecia que o time de Luxemburgo empataria, o árbitro viu pênalti em Neymar. Na bola, Elano, que mandou longe uma penalidade na Copa América. E, dessa vez, sem ter como colocar a culpa no gramado, o volante foi para a bola tão displicente que o arqueiro rubro-negro só não defendeu como, de quebra, fez algumas embaixadinhas.

Foi a deixa para o Flamengo renascer como uma fênix e Deivid se redimir. Num escanteio, cobrado pelo camisa 10 da Gávea, o atacante cabeceou e empatou.

O fim da primeira etapa chegou sob aplausos e satisfação.

O segundo tempo começou com o mesmo diapasão. Aos 5, Neymar, o diabo santista, em falha de David, colocou o Peixe de novo na frente. Era o quarto gol santista.

Lá atrás, o goleiro Rafael tirava o empate da cabeça de Deivid. Já Edu Dracena, fazia pênalti em Ronaldinho. O apitador mandou o jogo seguir. Daí, Luxemburgo foi Luxemburgo e começou a reclamação. E, dessa vez, o treinador estava coberto de razão.

Com o jogo lá e cá, o juiz observou uma falta na entrada da área a favor do Flamengo. O Ronaldinho, hoje muito mais carioca do que gaúcho, cobrou com maestria, por baixo da barreira e empatou, de novo, o jogaço.

O placar e a postura das equipes já faziam do espetáculo uma partida histórica, épica.

E como em embates como esse alguém deve ser premiado, o mais recente ídolo da Guanabara marcou seu terceiro gol na partida, o quinto do Flamengo e deu números finais ao duelo.

A noite de 27 de julho de 2011 ficará marcada eternamente na memória dos amantes do ludopédio. Um 5x4 no qual o Santos não sai massacrado, muito menos o Flamengo glorificado. Na noite histórica houve, somente, um vencedor: o Futebol.


PS: Em tempo: Na noite da redenção, o Flamengo segue invicto na competição.

domingo, 17 de julho de 2011

Eliminação e Convicção

Imagem: Blog do Amarildo


Com a derrota, nos pênaltis, para o Paraguai, na Copa América, surgiu uma convicção: O Mano não é técnico de seleção.

sábado, 9 de julho de 2011

Deu pena


Exceção feita ao gol de Jádson, o primeiro tempo de Brasil x Paraguai foi de dar pena. Sim, pena de Mano Menezes que, a cada partida, prova não ser o comandante ideal para a Seleção Brasileira. Pena dos jogadores que não mostram, nem de longe, o futebol que os colocaram na Copa América. E, claro, pena dos torcedores que, ainda, não tiveram suas expectativas atendidas.

E se a primeira etapa foi sofrível, a segunda começou com Elano no lugar do autor do gol. E quem pensou que algo mudaria, acertou, pois Roque Santa Cruz, num vacilo vergonhoso do setor defensivo tupiniquim, deixou tudo igual. O que dava ares de justiça, tamanha monotonia dos dois escretes.

Mas como aprender com o erro, para alguns, é utopia, a zaga brasileira voltou a falhar e Valdez colocou, de vez, os paraguaios em vantagem. Daí em diante, o que era preocupação passou a ser desespero. O time de Mano sucumbia numa competição em que chegara como um dos favoritos. O treinador, mais preocupado no que iria falar após o embate do que com a própria partida, levou a campo Lucas e Fred. E quem um dia foi problema virou solução, pois o atacante do Fluminense deu números finais ao jogo.

No fim, um 2x2 e uma reflexão: Será mesmo essa a nossa seleção?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Menino eu fui

Alisson Matos

O sol reinava em absoluto.

Pés descalços e polidos, com o tempo, pelo asfalto.

Nas faces, expressões ingênuas,

Nas mentes, sonhos de aventura.

Para a metade, o uniforme era a ausência da camiseta.Para os outros, nem a necessidade de uniformes havia.

A arquibancada, na imaginação, deixava qualquer grande estádio com inveja.

A torcida?

Toda a vizinhança, presente na rua e ausente no espetáculo.

A bola rolou...

Se iniciava uma arte em que pés, pernas e corpos se cruzavam.

A pelota, límpida, dava o tom.

Ora tratada com maestria,

Outrora, de tão maltratada, procurava se vingar acertando vidraças alheias

O objetivo da gurizada era só um, fazer o gol.

Tarefa nada fácil nas traves que, quando chiques, eram pomposas havaianas surradas pelo passado.

Entre os garotos, alguns se destacavam.

Sussurros eram proferidos, “esse teria futuro”.

O incentivo vinha acompanhado do fim da ilusão.

Preferiam conviver com o mito da incerteza.

O 0x0 persistia

E a angústia aumentava

Vencer, ali, seria como ser campeão do mundo.

A partida era disputada com a seriedade dos utópicos.

Lá pelas tantas, aos 45 minutos do segundo tempo, que nas ruas se caracterizam pelos gritos de “venha tomar banho, moleque”, saiu o sofrido, lamentado e inesquecível GOL.

O autor comemorou como se estivesse dando a volta olímpica no Maracanã.

Correu para os torcedores que estavam mais preocupados com o almoço de logo mais.

O dono da bola se ausentou.

Com ele, foi a eterna parceira e a certeza do próximo adversário: o chuveiro.

Para os demais, ficou a sensação de que a epopéia (com acento mesmo, assim como nos meus tempos de criança) não acabava ali,

Pois, para eles, o ludopédio não tem início nem fim.

É, somente, uma das várias maneiras de sonhar.