quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quebrando barreiras



Marcos Ribolli
É a quarta semana consecutiva que escrevo aqui sobre o Corinthians e, já adianto, terá uma próxima. Mas como não falar do último campeão brasileiro que, ao estilo Tite até a medula, tem tudo para conquistar, pela primeira vez, a América?

Sim, pois das vexatórias e trágicas eliminações alvinegras em Libertadores anteriores só restaram as lembranças e a experiência, pois em 2012, pelo que parece, será diferente.

A começar pela equipe ter obtido um equilíbrio que beira a raridade e ter feito uma primeira fase para lá de tranquila no torneio continental. O pesadelo de voltar para casa mais cedo foi vencido a cada etapa. E os deuses do futebol se encarregaram de colocar o Vasco, Santos e, agora, o Boca à frente do Timão para que, se for campeão, o título seja inquestionável.

Nada que mancharia ou não fosse dada a real relevância necessária à conquista inédita, mas em um país como o Brasil em que, além de vencer, tem que convencer, a taça da Libertadores para o mais que centenário Corinthians não será mero detalhe.

Quarta-feira que vem os 90 minutos que separam o bando de loucos de um sonho que tem tudo para ser realizado. A fiel a dois passos do paraíso e os jogadores prestes a cravar os seus nomes na eternidade. Feito para poucos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Corinthians contra tudo e todos

Leandro Moraes/UOL

O que se viu ontem num Pacaembu encantado como sempre e emocionante como nunca foi o time mais equilibrado do país sair classificado contra o escrete considerado o melhor. E não há insano capaz de dizer que não chegou a hora.


O nunca ter passado das semifinais do torneio sul-americano reservou toques de crueldade à fiel que parecia participar de um espetáculo daqueles em que a sinergia não poupa ninguém, independente da camisa que se veste ou do time que se ama.


Os prelúdios do dia já noticiavam que a cidade teria uma noite especial e a ansiedade fazia a maior cidade do país pulsar no ritmo dos corações alvinegros que vaticinam um jogo que faria jus à eternidade.


Na partida, como era esperado, a respiração de quem a assistia era ofegante. Apaixonados e contrários uniram-se para presenciar um duelo que entraria para a história. Os corintianos iam além, queriam eles mesmos levar a sua maior paixão a uma final em que nunca chegou. E faziam festa linda incapazes até de silenciar no gol feito por Neymar.


O Santos parecia imune à pressão das arquibancadas, jogando ao irritante estilo Muricy, pragmático, que só acordou de vez quando o estádio explodiu com o gol de empate de Danilo.


Era justo e, desta vez, era Corinthians, que carrega com ele uma antipatia por parte dos torcedores de todas as outras equipes do Brasil que não se dá para explicar. O time que, neste ano, é longe de ser brilhante, mas encanta a fiel torcida a cada resultado positivo alcançado.


Uma equipe capaz de tirar lágrimas dos apaixonados. Capaz de chegar à inédita final. Capaz de emocionar até quem não é corintiano.


Que venha o Boca ou a La.U para, como escreveu um gênio, um embate que parece ser o de um time contra o mundo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

O dia em que descobri que até o desespero tem limite


O ano de 2011 dava seus últimos passos e a preocupação começava a virar desespero na incessante procura por um novo estágio. Uma experiência desagradável havia feito com que eu saísse do emprego anterior e a necessidade em ganhar alguns trocados quase me transformou em anúncio ambulante de “busca-se vagas.”

Meus amigos mais próximos sabiam da situação e procuravam ajudar como podiam. Enquanto alguns davam dicas em onde procurar, outros me mandavam contatos de profissionais que eu deveria correr atrás. Foi em uma dessas que recebi um endereço de e-mail para que o currículo fosse enviado. Feito.

Dias depois, eis que uma entrevista fora marcada. Deveria comparecer na tarde do dia seguinte. Confirmei a presença com a certeza de que sairia de lá com alguém para chamar de chefe. O amanhã já era hoje e eu, a caminho da empresa, só pensava na conversa que me esperava. 

Cheguei antecipadamente, o que só serviu para recepcionar uma garota que também participaria da seleção. Eu fazia jornalismo e ela publicidade. Logo imaginei que a atividade era indicada para alunos que cursavam comunicação social. Convidados à dinâmica, a futura publicitária e eu começamos a ser indagados. Por questão de cavalheirismo, as primeiras perguntas foram feitas à colega que conquistara recentemente. Para mim, tanto a interlocutora quanto a concorrente falavam grego.

A entrevista rolava e o papo sobre programas, efeitos e sei lá mais o que me dava a sensação de que algum equívoco tinha ocorrido. Eu não deveria estar ali. Talvez por falta de atenção minha ou de quem recebeu o meu currículo. Torcia para que o que fosse perguntado a mim ganhasse outro rumo. Quando a funcionária se direcionou para esse que vos escreve, a palidez era evidente.

Respostas aqui e acolá, fomos ao teste prático. Tão ou mais desesperador do que a entrevista, a estudante de publicidade levou, no máximo, 20 minutos para terminar. Tínhamos uma hora e os ponteiros já marcavam os 45 do segundo tempo quando terminei o meu. Naquela altura eu só me perguntava como fui parar na empresa, já que não tinha nada a ver com a vaga.

Consciente de que não era o mais indicado, entreguei o teste para a interlocutora e fui embora sem esperar que ela olhasse-o. Ao corrigir, certamente deve ter dado boas risadas com algumas das minhas respostas. Ao menos, serviu para alguma coisa.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Corinthians imponente


Sim, há os idiotas da objetividade que, antes mesmo do jogo começar, procuravam vaticinar atalhos e desvendar caminhos por onde os jogadores de Santos e Corinthians deveriam produzir suas jogadas. Falo desses que insistem em táticas, números e objetividade, incapazes que são de entender que o futebol, na essência, se basta com a arte, o lúdico e o espetáculo.

Na Vila Belmiro, que de caldeirão nada tinha, não se viu o que se esperava do time da casa. No duelo entre o melhor escrete do país contra o de maior equilíbrio não foram os detalhes os responsáveis pela vitória da equipe comandada por Tite.

Se no Corinthians há jogadores dispostos a entrar na história do clube, valentes como sempre e jogando como nunca, o Peixe tinha um Neymar já exausto e Ganso com raros e geniais lampejos, que não foram suficientes perante a falta de vibração da equipe de Muricy.

Das arquibancadas, não saiu a pressão que se anunciara. Dos pés dos meninos da Vila as jogadas não brotaram. Da cabeça do técnico santista as soluções não surgiram. O Santos estava resumido, sem brilho e sem a sua essência. Já o Corinthians, não. Foi imponente, corajoso e inexpugnável, em um dia que até o Emerson, que raramente acerta um chute, acertou um chute raro.

Uma partida que foge de qualquer análise. Um duelo que ainda não está decidido. Uma vaga que ainda está em aberto. Um clássico que o Rei Pelé disse ser o maior jogo do mundo. E, até a próxima semana, será.