A
linearidade da vida não poupa ninguém do inevitável, pois desde que o mundo é
mundo é sabido que tudo que nasce irá morrer, numa constatação cruel que
ultrapassa raciocínios lógicos, biológicos ou religiosos. E toda vez que o ser
humano se depara com a linha tênue que o separa de qualquer atividade as
indagações surgem como em dialéticas à La Grécia Antiga.
Tudo
isso para falar da aposentadoria de Edmundo. Um dos craques que vi jogar, que
me fez chorar muito mais do que sorrir. Um ser humano na real acepção da
palavra, de erros e acertos, ídolo de várias cores, homem de muitos amores,
capaz de trocar o profissionalismo pelo carnaval e o amadorismo pelos sonhos.
No
Vasco virou príncipe. No Palmeiras animal. Passou pelo Flamengo, Napoli,
Fluminense, Figueirense e tantos outros. Na Seleção foi um daqueles casos em
que só o imponderável explica. Na Copa da França chegou a jogar alguns minutos,
numa partida que já estava decidida. O fato é que Edmundo jamais precisou da
Amarelinha para provar quem ele é.
Personalidade
forte, sempre acreditou nas suas convicções. Jamais abaixou a cabeça, coisa
casa vez mais rara na passividade que assola o encantador esporte. Personagens
como o Edmundo são escassos.
As
lágrimas que escorriam, nas épicas vitórias vascaínas sobre o Flamengo,
serviram para ensinar o peso da derrota, a se portar nas adversidades e a lidar
com a vitória quando ela viesse. Porque Edmundo, embora muitos vejam somente
defeitos, talvez sem imaginar deixou lições.
E
o fim, que no fundo simboliza um novo início, como não poderia ser diferente,
veio onde ele começou, no Rio de Janeiro, com a camisa do Vasco em São Januário
num enredo fascinante.
Uma
justa homenagem.
O
futebol sentirá sua falta, Animal.