quarta-feira, 23 de maio de 2012

Foi Corinthians


Quando o Diego Souza perdeu a chance do jogo, já no segundo tempo, a partida entre Corinthians e Vasco era desenhada como aquelas que entram para história pelo drama, sofrimento e angústia provocados pelo equilíbrio entre as equipes.

A fiel fazia festa linda num Pacaembu lotado e alvinegro na agradável noite paulistana. A bola na trave de Nilton, no lance seguinte ao citado acima, confirmava o que se sabe há tempos que, com o Corinthians, a dor parece ser maior.

Tinha jogo. Era um duelo daqueles que são decididos nos detalhes. Equipes bem montadas e que, até então, não haviam cometidos erros que comprometessem o resultado. Era o Corinthians correndo atrás do desejado título e o Vasco buscando o bicampeonato.

A cidade respirava os ares pintados em duas cores, mas o gol salvador não saia. Para nenhum dos lados. Na raça e no peito o time da casa era valente, jogava no melhor estilo Tite, era perigoso, mas não abria o placar. Já o Vasco, era a cadência simbolizada em Juninho Pernambucano, que parecia não viver seus melhores dias.

O destino já apontava para os pênaltis quando, aos 42 minutos da etapa complementar, em escanteio cobrado, na única falha da zaga carioca, Paulinho apareceu sozinho para ensandecer de vez o bando de loucos Brasil a fora. Era a redenção, a classificação e o alívio. Na garra, na luta e no sofrimento.

Assim, do jeito que o corintiano se acostumou.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A essência do futebol e a (des)esperança na seleção brasileira

Participo da terceira parte da reportagem do SBT Brasil, que pode ser vista, também, aqui.




O tempo passou



Jorge William / O Globo

Desde a eliminação da Taça Libertadores até a estreia no Campeonato Brasileiro, que ocorre neste sábado, o Flamengo teve pouco menos de um mês para por ordem na casa. Todavia, não foi o que se viu. Neste período, houve quem falasse em demissão de Joel Santana, saída de Ronaldinho Gaúcho e até em alguma contratação de peso.


No entanto, de lá para cá, de novidade, mesmo, só as vindas de Ibson, que deve se apresentar na próxima semana, e de Zinho, que, pelo jeito, será mera ilustração. De resto, foi mais do mesmo. Os salários e direitos de imagens atrasados, o treinador exigindo reforços e o camisa 10, como virou hábito, faltando aos treinamentos. Esperar alguma atitude mais rígida da diretoria é utopia barata. A incompetência no clube parece não encontrar limites.


Passados quase 30 dias, nenhuma ação foi tomada para tentar reverter as tragédias que foram as campanhas no Campeonato Estadual e no torneio sul-americano, indignas para um dos elencos mais caros do país. 


A torcida sequer sabe quem serão os titulares no duelo de amanhã. O Flamengo, dentro de campo, é reflexo do despreparo de dirigentes incompatíveis com o que a modernidade exige. O clube, no Brasileiro, está fadado ao fracasso. Não tirou lições das quedas do primeiro semestre para ter um resto de ano que, ao menos, tranquilizasse os torcedores.


Foi quase um mês para drásticas mudanças. Com comandantes assim, nem se tivessem a eternidade.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Lição Santista


Foto:Reuters/Paulo Whitaker



O espetáculo proporcionado pelo Santos na Libertadores da América valeu muito mais do que a classificação para a próxima fase do torneio. Viu-se, ali, uma lição de vida. Porque se o peixe fora tratado de maneira que beira o absurdo no jogo de ida, respondeu a selvageria com bom futebol na partida de volta.

Os acachapantes oito gols no duelo da Vila vieram para provar que artifícios quase amadores não garantem bons resultados. O adversário, o Bolívar, que como principais armas na competição tinha a altitude e o anti-futebol não viu a cor da bola e foi reles protagonista na estrelada noite praiana. Neymar e companhia só não fizeram chover. Pressionaram do início ao fim sem dar chances ao fraco time boliviano.

Gols bonitos foram aos montes. O primeiro, de Elano, foi coisa rara. Já o tento marcado por Paulo Henrique Ganso, de letra, além de merecer placa pela beleza e genialidade ratificou que a intenção dos meninos era mesmo humilhar, tamanha a raiva que estavam devido ao tratamento recebido no jogo anterior.

A desenvoltura, maturidade e encanto que mostra o time de Muricy, para quem viu, remetem aos dourados anos de Pelé. Um futebol mágico, de sonhos, capaz de fazer com que este que vos escreve tenha saudade até do que não viu. No futebol brasileiro, a minha geração não acompanhou nada que se possa comparar ao atual escrete santista, que responde na bola, com gols, alegria e espetáculo os incautos provenientes dos vizinhos sul-americanos.

O Santos é um exemplo. Que todos passem a segui-lo. 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Enxergar é preciso


Ale Cabral



Aqui já escrevi que o Corinthians jamais foi tão favorito a conquistar a Libertadores como agora. O tal equilíbrio, dito e repetido inúmeras vezes por Tite, parecia ter sido alcançado. Fruto, também, das decepções acumuladas em anos anteriores, a estabilidade veio acompanhada do quase inseparável pragmatismo do treinador.

O time não encanta, faz poucos gols e tem como virtude a marcação. A máxima de que primeiro é preciso arrumar lá atrás para depois pensar na frente ganhou corpo no Parque São Jorge. Resultado do dito futebol “moderno”. Foi assim que o time conquistou o Campeonato Brasileiro. É assim que a equipe joga o torneio intercontinental. 

Nessa vida mais do que centenária corintiana, a tão almejada taça é a conquista que falta. O clube quer, a torcida pede e jogadores e comissão técnica sabem da responsabilidade. A cautela adotada pelo comandante gaúcho se deve, além do seu perfil, ao desejo de extirpar a afobação, inimiga responsável por inesquecíveis tragédias. 

Na partida de ontem, contra o Emelec, a tranquilidade que havia se tornado comum foi jogada para escanteio na expulsão de Jorge Henrique e, após o duelo, nas declarações de Mário Gobbi. O juiz foi escolhido a vítima da vez, como se o clube não soubesse que na Libertadores é assim há tempos. Chega a beirar a selvageria.

O equilíbrio emocional corintiano parece ter sido abalado. No entanto, nada que deva colocar em risco a classificação, já que o adversário é fraco. O que não pode é dirigente agir como torcedor, atirando para todos os lados e acusando a Conmebol de tudo. O experiente cartolão sabe como funciona, só não quer enxergar.